Adriana Arruda Blog

terça-feira, setembro 26, 2006

A ILHA EM MIM ...


A leitura do texto de José Saramago, O Conto Da Ilha Desconhecida, e as reflexões que fiz sobre como me tornei professora e como vivencio esta minha escolha, de uma certa forma se aproximam. Quando fiz o relato de minhas vivências pude perceber que também, de certa forma, assim como o homem que foi pedir o barco, me lancei ao desconhecido. A "Ilha Desconhecida" está presente na caminhada que faço em busca do aperfeiçoamento, ao não me acomodar, ao desejo de descobrir nossas "rotas" alternativas na minha vida profissional e pessoal. E pude, ao ler os trabalhos de alguma colegas, perceber que é comum o comprometimento, pois acreditar que se pode fazer o melhor é expresso em cada relato, não utopicamente somente, mas na prática busca do melhor. Que aconteça a reflexão sobre as "portas" que deixamos abertas, o que esperamos delas, sobre as que permanecem fechadas sem nunca permitirem renovações, e que também tenhamos coragem de não só espiar por elas, mas visualizar, pensar sobre o que vemos e o que não vemos.
"(...)que todo homem é uma ilha, (...) Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos de nós." Se não nos propusermos a procurar em nós memos uma identidade, e se essa identidade não permitir a troca com os outros, não nos conheceremos o suficientemente para solidamente sermos.
Também necessário não nos sentirmos donos da razão nas nossas posições, deixar o "rei" de lado, tão envaidecido pelos "obséquios" recebidos durante nossa trajetória de vida, não há necessidade de radicalidades, mas de posturas seguras, firmes, que contemplem objetivos maiores.

segunda-feira, setembro 25, 2006




Refletir sobre: Por que me tornei professor (a)?/Como vivencio hoje o ser professor (a)?
Quando estava terminando o ensino fundamental, surgiu a grande dúvida: que carreira seguir? A princípio como gostava muito de animais, desejava muito cursar Veterinária. Mas para tal, precisaria garantir um curso profissionalizante.Nossa escola proporcionou várias visitas a escolas técnicas, para que pudéssemos ter uma idéia de cursos e de mercado de trabalho. Optei pelo curso de Magistério, no Instituto Concórdia, em São Leopoldo. Éramos a segunda turma do curso, até para a escola era tudo novo. Durante o curso fui me identificando com o trabalho e muito ainda sem consciência do fato, segui, fiz o estágio, fiz concursos e acabei realmente na profissão.Logo, antes mesmo de terminar o curso, casei e tive minhas filhas, e o sonho de fazer Veterinária foi ficando mais distante. Na hora que fiz o vestibular, me vi colocando como opção: Pedagogia. Interrompi por duas vezes a faculdade, era difícil conciliar filhas, marido, trabalho e a economia da casa.Hoje, através de meus pais, que leram a notícia deste curso a distância, estou aqui. Com certeza absoluta que estou na profissão que tenho vocação. Nunca deixei de me atualizar, mesmo nas vezes em que estive afastada dos bancos da faculdade.Após doze anos numa escola regular, mudei meus rumos, fiz um curso de capacitação para trabalhar com crianças e adolescentes Autistas e depois outro curso de formação na área de Deficiência Mental. Resultou numa troca de escola, viajar para trabalhar em outra cidade, numa escola especial e readaptação a uma nova proposta de trabalho, um novo desafio.Vivencio o ser professora dia-a-dia, em muitos momentos, confesso, levada pelo cotidiano, sem muitas reflexões teóricas, mas com muito comprometimento. Isto porque minha prática está na observação do que o aluno, a minha frente, solicita, apresenta. A prática em educação especial não poderia ser diferente, e acho que em classes regulares também. Agora, voltando ao trabalho acadêmico, de refletir sobre a prática, isto fica mais apurado. Estou mais observadora, mais crítica comigo mesma e meu trabalho docente. O processo educativo, na minha opinião, não se faz sozinho, é um processo conjunto, onde compartilhamos, de constante aprendizagem para aluno e professor. E refletir sobre ele, nosso trabalho é essêncial. Percebo que ser educadora, professora, ou qualquer outra denominação, que formalmente se modifica com o passar do tempo, para mim tem como princípio básico o compromisso com o conhecimento, com a cultura, com a cidadania, enfim com o ser humano. De alguma forma, acredito que contribuo para esta construção humana na minha escolha.
Continuando a reflexão sobre minha escolha profissional, é adequado que outras questões sejam respondidas, uma delas é sobre ousadia para...Poxa vida, ousadias...sim, porque é necessário que se pense no plural, vivo de forma plural, tanto a nível pessoal quanto a nível profissional. foi ousadia enfrentar mudanças repentinas como de filha para mãe, de adolescente para mulher, de namorada para esposa, de estudante para quem trabalha. Pois bem, acho que nas questões mais relevantes a este momento reflexivo estão as relacionadas a docência.
Acredito que ousei e ouso ainda, quando não me acomodo, quando troquei a comodidade de morar perto da escola e os 12 anos de experiência na rede regular, para viajar por 40 minutos e encarar uma nova modalidade de ensino, o ensino especial. ousadia em hoje enfrentar as questões maiores que envolvem meu trabalho: a inclusão, tendo a certeza que a igualdade está, em primeiro lugar, respeitar as diferenças, e encarar a problemática de frente, sem ilusões ou demagogias. Buscar esclarecer as possibilidades e dentro do que trabalho, proporcionar aos envolvidos, e me incluo junto, reflexões sobre o assunto, porque também não tenho a resposta, mas não me recuso a escutar ou fazer a pergunta.
Tenho medos, medo de não sentir mais dúvidas, de ter apenas certezas, de achar que cheguei ao final prcocemente, de esconder minhas fragilidades, de não recusar as avarezas, de não respeitar meus limites... E outros tantos medos, lembrando o que falei no início do meu escrito: sou plural. Mas permito-me colocar aqui, referindo-me ao último tópico da reflexão, que quero sim dialogar, mais especificamente sobre assuntos que me eleve a alma, me enriqueçam a vida, que me façam crescer como pessoa. pois se acredito que aprendo dia-a-dia, é no diálogo que exercito a humanidade que a princípio esta em mim. não posso aqui agora determinar o que é possível dialogar e o que não é. A caminhada não está determinada, definida. O caminho é traçado passo a passo. É isto que me faz acreditar que vale a pena.
(Aluna Adriana Arruda-postado em 24/09/2006)